Um dia após a desclassificação do Náutico na semifinal do Pernambucano, o goleiro Gledson ainda estava profundamente abalado pela maior falha de sua carreira. O atleta, apontado pela torcida alvirrubra como o vilão da perda da vaga para o Sport, decidiu se afastar do Recife para tentar se recuperar. A reportagem do Superesportes encontrou o camisa 1 alvirrubro num hotel, em João Pessoa. Em meio a lágrimas, o jogador falou sobre o desespero pelo erro, pediu desculpas aos torcedores e falou sobre o futuro no clube.
Como você está se sentindo após o clássico?
Está difícil. Está muito difícil. Não consigo passar um segundo sequer sem pensar no que aconteceu no jogo. Pela manhã, resolvi pegar minha esposa, entrar no carro e sair do Recife.
Você já tinha enfrentado um momento mais difícil na sua carreira?
Já passei por contusões, por momentos de incerteza… Problemas que me deixaram muito abalado. Mas nunca havia sentido algo parecido com o que senti ontem. Sem dúvida, foi o momento mais difícil da minha carreira. Me senti muito mal. Me culpei muito. Fiquei muito emocionado porque gosto muito do clube e da torcida.
Como você encarou a reação da torcida após o jogo? Você foi vaiado na descida para o vestiário.
(longa pausa) Quero pedir desculpas aos torcedores. Gostaria que eles soubessem que sinto a mesma paixão que eles têm pelo Náutico. Mas sei que só desculpas não serão suficientes porque era um título muito importante para a história do clube. Então, só posso prometer que vou trabalhar ainda mais forte para dar a volta por cima. Não vou medir esforços para recuperar a confiança do torcedor.
E lá dentro? Como estava o clima? Como você foi recebido pelo restante do elenco?
Vou te confessar que nunca tinha tido uma reação como aquela. Já teve jogos em que entrei no vestiário com muita raiva de mim mesmo ou chateado com algum resultado. Mas tenho que agradecer a todos. Integrantes da comissão técnica, jogadores, diretores… Todos me apoiaram, me acolheram.
O que aconteceu no lance?
Estava com a bola nas mãos e vi Elton livre na esquerda, mas quando fui lançar, notei que ele tinha virado de costas. Aí desisti, mas como a bola estava molhada, escorregou e eu não podia mais pegar com as mãos. Gritei avisando que ia lançar pra ele (Elton), mas chutei mais grama do que a bola…
Aí bateu o desespero quando a bola caiu no pé de Bruno Mineiro?
Não. Sabia que precisava voltar pra barra. (pausa) Bateu o desespero quando ouvi a comemoração da torcida do Sport. É muito difícil saber que seu time tomou um gol, num clássico tão importante como aquele, por sua causa. (chorando) Infelizmente, um lance isolado pode condenar todo um trabalho que foi exemplar.
E agora? Quais os seus planos?
(longa pausa) Não sei qual vai ser a decisão da diretoria. Agora, está nas mãos deles e de Deus. (chorando) A única coisa que posso dizer é que me dediquei ao máximo e espero poder ter a chance de me recuperar. Um guerreiro pode até ficar ferido, mas não desiste jamais. Errei, falhei, mas estou de pé.
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