Ele quebrou o silêncio. Desde que deixou o Sport, dispensado, o atacante Carlinhos Bala evitou as entrevistas. O próprio admitiu que não queria falar. “Desliguei o telefone mesmo”. Mas não conseguiu ficar muito tempo afastado. “Tem uma hora que você não agüenta mais ser pisado e tem que reagir”, contou. Falou ao vivo no programa Superesportes na TV Clube e depois conversou com a reportagem do SuperesportesPE. Não mediu palavras. Explicou a saída e algumas histórias que surgiram com a dispensa. Externou uma mágoa com o técnico Mazola, que assumiu a equipe no mesmo dia em que ele saiu. “Aquilo é um bosta. Nem técnico ele é. Ele é treinador de juniores. O que ele ganhou? Nada”, afirmou, no programa ao vivo. No final da entrevista, uma revelação. Falando bastante em Deus, ele disse que havia sido avisado da dispensa, assim como na final da Copa do Brasil. “Fui à Igreja e Deus me falou a situação que ia acontecer”.
Confira a entrevista completa abaixo:
Por que resolveu adotar o silêncio após a saída do Sport?
É bom esfriar a cabeça, pensar e refletir. Agora, tem uma hora que você não aguenta mais ser pisado e tem que reagir. Por isso que eu vim e para falar e explicar o que aconteceu.
E o que aconteceu, então?
Até agora ninguém falou para mim, nem explicou nada. Só fui comunicado e aceitei com naturalidade. Acho que a gente não pode guardar mágoa, futebol dá muitas voltas e você tem que estar preparado para tudo.
Ficou alguma mágoa de alguém do Sport? Voltaria para lá?
Voltaria sim, não tenho raiva de ninguém. Como voltaria para o Santa Cruz, para o Náutico, qualquer outro clube. As pessoas às vezes têm que tratar as coisas de maneira correta, para que depois não fique o disse me disse. Seria mais fácil vir e dizer o que aconteceu do que ficar uma coisa mal explicada.
Você ficou chateado com o Mazola, por conta de algumas declarações dele, foi isso?
Enquanto ele estava calado, estava bom. Mas acompanhei algumas matérias na internet que ele falou que aconteceu uma coisa que chamou muito a atenção dele, que eu não viajei por estar insinuando que eu estava dando “migué”. Quem me conhece sabe que eu não sou disso. Fui para a decisão do Campeonato Pernambucano machucado. Todo mundo sabe, que não estava 100%, mas tentei dar a minha parcela de contribuição. Mas você nunca é valorizado por esses fatos, sempre é valorizado pelo que deixa de fazer no momento e na hora errada.
Explica essa história de que você teria falado que o treinador Hélio dos Anjos ia cair nos vestiários.
Eu mesmo fui falar depois com o professor. Ele sabia que eu não estava falando essas coisas. O menino que ouviu uma coisa a distorceu e contou outra. Hélio é uma pessoa que tenho um carinho muito grande com ele. Quando ele foi embora, me despedi dele. Por onde eu passar vou tratá-lo como sempre tratei.
Como era tua convivência com o grupo do Sport. Jogadores como Marcelinho Paraíba, Tobi…?
Tobi é um rapaz evangélico. Uma pessoa que é evangélica, você jamais pode ter raiva dela. Chamo ele de ‘neguinho’, e é um ‘neguinho’ que tenho um carinho muito grande. Tanto eu como o Magrão vivia brincando direto dentro do ônibus. Sentava atrás de mim, ficava chutando a minha cadeira. É coisa que eu falo. Às vezes, o jogador sai do clube. O povo só vê a versão do clube, ninguém quer ouvir a versão do jogador.
Mas como era o seu relacionamento com o resto do grupo?
Você vai lá, pergunta como é, todo mundo vai dizer. Eu trato todo mundo da mesma maneira. Do cortador de grama ao presidente. Sempre tive respeito por todo mundo. Não é porque sou jogador de futebol que vou passar ninguém para trás. Mas todo mundo sabe que eu tenho a minha personalidade e vou mantê-la sempre.
E a sua história com o Santa Cruz? Pode haver um reencontro?
Não é história, é coisa que aconteceu. Já falei outras vezes que tenho uma dívida pessoal com o presidente Antônio Luiz Neto, que foi uma pessoa que me trouxe para o futebol e hoje eu agradeço tudo a ele. Tenho um carinho muito grande por ele.
Houve a possibilidade de você acertar com o Santa Cruz no início do ano, antes do Sport, não é isso?
Não deu, porque a gente pensou numa coisa poderia dar certo, mas deu totalmente diferente. Mas isso acontece. A gente vive o futebol e sabe que tem que estar preparado para isso. So agradeço a Deus por ter me tornado jogador de futebol. Hoje posso deitar a minha cabeça no travesseiro e saber que a minha família não está precisando de nada. Porque eu trabalhei para isso e é o que me faz ser um homem responsável, porque sempre me dediquei demais à minha família.
E o futuro de Carlinhos Bala?
Tem algumas pessoas que já entraram em contato comigo. Já deixei nas mãos de empresários, mas avisei a eles que prefiro descansar o mês todo, pois vivi todo aquele estresse da contusão na decisão do Pernambucano, uma correria danada, e hoje eu decidi descansar. Quem sabe lá para frente, no começo do mês que vem, a gente defina alguma coisa.
Então você não ouviu nenhuma proposta até agora?
Tenho algumas propostas, mas deixei a cargo dos empresários e quando estiver perto de fechar eles vão me dizer alguma coisa.
Você ainda se vê em algum clube de Pernambuco depois dessa última dispensa do Sport?
Todo mundo falou que as portas tinham fechado para mim. Mas, rapaz, quando Deus quer, ele abre qualquer porta. Por isso que eu falo, a gente tem que estar sempre acreditando em Deus. Uma coisa que eu esqueci de falar até. Tinha ido na Igreja e Deus falou a situação que ia acontecer. Estou tranquilo porque eu ia tomar uma decisão antes, precipitada, mas na palavra, na Igreja, o presbítero falou que era uma situação para Deus tomar e não eu. Então aconteceu e está na mão dele.
Então você chegou a pensar em pedir dispensa antes de ser mandado embora?
Não, eu estava meio triste. No domingo antes dessa situação estava na Igreja e o presbítero me falou que o inimigo ia tentar fazer alguma coisa para me prejudicar, mas que não ficasse preocupado que Deus ia tomar conta da situação. Aconteceu e esta aí. Está nas mãos Dele e Ele vai resolver essa situação.
Do Super Esportes
Redação SportNet